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CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020


A Quaresma é o tempo da Igreja dedicado à reflexão para a vida, rememorando os passos de Jesus até o Calvário e principalmente a importância da Ressurreição e no Brasil, particularmente, esse tempo quaresmal recebe a motivação dos temas e lemas da Campanha da Fraternidade que a mais de cinco décadas vem motivando a pensarmos na vida, na família, na saúde, na moradia, no trabalho, na educação e até nas políticas públicas, associando esses temas ao crescimento na fé e na evolução catequética, pois quanto mais se conhece a Jesus, mais iremos amá-lo.

Neste ano a Campanha da Fraternidade tem como tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” inspirada na Parábola do Bom Samaritano (Lc 10), o modelo de relação e encontro que deve nortear a Missão da Igreja. Quando o ensinamento didático de Jesus em suas palavras nos sugere “Ver, Sentir Compaixão e Cuidar”.

Esse tema em particular nos sugere que não somente nesse período da Quaresma se pratique a parábola do Bom Samaritano, mas por todo sempre. Pois é comum durante a campanha se fazer palestras, encontros, seminários, que são sim importantes, mas que se observa um esfriamento após a Pascoa, esquecemo-nos gradativamente, outros momentos litúrgicos surgem e assim não lembramos nem o nome do tema da Campanha, quanto mais das ações que deveríamos implementar e cuidar para que elas fosse permanentes.

Vamos nos identificar um pouco com os pontos da Campanha da Fraternidade: Ver, Sentir Compaixão e Cuidar.

O que é o Ver

“Se Deus viesse à nossa porta, como seria recebido? Aquele que bate à nossa porta, em busca de conforto para a sua dor, para seu sofrimento, é um outro Cristo que nos procura”

Santa Dulce dos Pobres

Para nós ver é uma fusão fisiológica do ser humano nada mais do que a percepção de luz, de imagens e cores, mas também pode ser a postura que se assume diante de uma situação, apelo ou estímulo do nosso mundo. Dai a diferença de quem tem o olhar treinado para determinados interesses, prioridades e valores.

Na Parábola do Bom Samaritano observamos três tipo de olhares:

Primeiramente vamos ao olhar dos assaltantes; que viram naquele homem que passava uma oportunidade de obter benefício imediato sem grande empenho. Bastava usar um pouco da força física e da vantagem numérica para subtrair da vítima tudo o que ela possuía e que atendesse a seus interesses. Não tinham a menor preocupação em saber quem era aquele que passava nem estavam preocupados com sua vida de maneira que o deixaram ferido, espoliado e quase morto à beira do caminho. Esse é o olhar do egoísmo, da exploração, do ódio, totalmente alheio aos princípios da ética, da empatia e da compaixão. É um olhar que mata, fere e que rouba a dignidade das pessoas. Este tipo de olhar está no germe da corrupção, da violência, do autoritarismo, da devastação da natureza, das grandes guerras, das gritantes desigualdades sociais e demais mazelas que assolam o Brasil e o mundo.

Agora vamos ao olhar do levita e do sacerdote, não menos doloroso do o olhar dos assaltantes, o olhas do levita e do sacerdote é o olhar da indiferença, da inversão dos valores da incompreensão do que é prioritário. É a postura de quem diante de situações urgentes dá as costa para vida ameaçada. Aqui está de forma clara o individualismo, a sede crescente pelo consumo, a cultura do descartável, opções de vida que vêm sendo profundamente criticado pelo Papa Francisco em seus discursos.

O olhar do samaritano é o olhar solidário, do serviço e do comprometimento. Na cena em que os assaltantes enxergaram uma oportunidade de lucro fácil, o levita e o sacerdote viram um possível problema a tarefas já estabelecidas, o samaritano viu um irmão que necessitava de um cuidado urgente e imediato. Assim como os personagens anteriores, o samaritano não esteve interessado, num primeiro momento, em saber quem era aquele que jazia quase morto. Não era importante naquele momento. O prioritário era socorrê-lo e garantir-lhe a sobrevivência. Ali encontrou uma oportunidade única e inédita de amar. É o olhar da disponibilidade, da doação gratuita e da identificação com o outro, especialmente com suas lutas e dores. É o modo de olhar adotado por Jesus (ver Mt 9,36) e que Ele convida seus discípulos a também assumir.

Sentir Compaixão

“O importante é fazer a caridade, não falar de caridade. Compreender o trabalho em favor dos necessitados como missão escolhida por Deus”

Santa Dulce dos Pobres

Se, por um lado, o olhar da indiferença gera tanto mal, o olhar da compaixão pode fecundar o bem no coração humano e conferir o verdadeiro sentido da vida. Na parábola do Bom Samaritano, o olhar que Jesus nos ensinou é o olhar daquele que se compromete com o outro.

Em uma época na qual a indiferença vai tomando conta das consciências e dos corações, a Quaresma se mostra como tempo importante para a reflexão sobre a misericórdia e a compaixão, Neste tempo quaresmal, podemos mergulhar no mistério que nos conduza Paixão, morte e Ressurreição de Jesus Cristo na medida em que nos propomos uma sincera conversão.

Assim podemos entender melhor que sentir compaixão é aproximar-se de Cristo e, num mesmo movimento, inclinar-se para o próximo e construir uma relação de reverência e fraternidade com os bens da criação.

O samaritano agiu com a verdadeira misericórdia e foi capaz de assumir a dor do outro provendo tudo o que lhe era necessário. Na compaixão não há incertezas, não se titubeia, não existe indiferença, pois trata-se de ter, em nós, os mesmos ensinamentos de Cristo (ver Fl 2,5). Fazer-se próximo sem preconceitos, sem classificação, sem esperar nada em troca. Gratuitamente amar! Assim nos ensina Jesus.

Cuidar

“Nós somos como um lápis com que Deus escreve os textos que Ele quer ditos nos corações dos homens”

Santa Dulce dos Pobres

O verbo cuidar descrito no texto acima e refletindo da parábola do Bom Samaritano e o que se entende por transformar compaixão, que é despertada por um olhar ao deixar tocar pelos apelos da realidade. Contra uma ultura de morte, de ódio, de violência, devemos dar lugar a reconciliação, perdão e resiliência, anunciando a cultura da vida.

Também estão em consonância com os quatro pilares descritos nas DGAE – Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora: Palavra (Iniciação Cristã e animação bíblica da vida e da pastoral), Pão (liturgia e espiritualidade), Caridade (serviço da vida) e Ação Missionária (estado permanente de missão). Ao tratar de cada um deles, o documento traz uma série de sugestões de encaminhamentos práticos que dão concretude à dimensão do cuidado.

Em fim

A Igreja do Brasil sugere para a Quaresma deste ano de 2020 e nós aqui neste texto por todo ano litúrgico o despertar para o Ver, Sentir Compaixão e Cuidar do próximo. Mais do que oferecer novidades, esta breve reflexão teve como objetivo principal aguçar o entusiasmo dos leitores para viverem de forma comprometida e encarnada as provocações que Jesus apresenta ao contar a Parábola do Bom Samaritano.


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